O tributarista Leonardo Manzan aponta que a restituição de indébito tributário é um dos instrumentos mais relevantes para empresas e pessoas físicas que desejam recuperar valores pagos indevidamente ao fisco. Trata-se do direito que o contribuinte possui de reaver quantias recolhidas além do que a legislação determina, seja por erro de cálculo, interpretação equivocada ou exigência posteriormente considerada inconstitucional.
Leonardo Manzan explica o que é o indébito tributário e quando ele ocorre
O indébito tributário surge quando há pagamento em desconformidade com a lei. Leonardo Manzan explica que isso pode ocorrer em diversas situações, como recolhimento com alíquotas superiores às previstas, enquadramento inadequado do regime tributário ou até mesmo manutenção de tributo posteriormente declarado inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal.
Um exemplo recorrente está na exclusão do ICMS da base de cálculo do PIS e da COFINS, reconhecida pelo STF em 2017. Empresas que haviam recolhido esses tributos de forma majorada puderam requerer a restituição dos valores, muitas vezes em montantes expressivos. Essa decisão consolidou o entendimento de que a restituição de indébito não apenas corrige distorções, mas também fortalece o princípio da segurança jurídica no sistema tributário.

Procedimentos administrativos e vias judiciais
De acordo com Leonardo Manzan, existem diferentes caminhos para buscar a restituição de valores pagos a maior. A via administrativa, geralmente por meio de pedidos de restituição ou compensação junto à Receita Federal, é uma alternativa prática para muitos contribuintes. Ela permite que créditos reconhecidos sejam utilizados para abater débitos futuros, reduzindo a necessidade de desembolso imediato.
Entretanto, nem sempre a esfera administrativa oferece respostas céleres ou favoráveis. Em tais casos, o contribuinte pode recorrer ao Poder Judiciário para garantir o reconhecimento do direito à restituição. O ajuizamento de ações, em especial os mandados de segurança e as ações ordinárias, tem sido um instrumento frequente na busca por ressarcimento.
Prazos e limites para solicitar a restituição
Leonardo Manzan esclarece que um dos aspectos mais importantes do indébito tributário é a observância dos prazos prescricionais. Em regra, o contribuinte possui cinco anos a partir do pagamento indevido para pleitear a devolução. Esse limite temporal exige atenção redobrada na gestão fiscal, já que a perda do prazo implica renúncia definitiva ao direito.
Também é necessário apresentar documentação comprobatória adequada, como guias de recolhimento, notas fiscais e registros contábeis. A falta de organização documental é uma das principais barreiras enfrentadas por empresas que buscam a restituição. Por isso, a manutenção de arquivos digitais bem estruturados é uma medida preventiva de grande utilidade.
Impactos financeiros e estratégicos para empresas
Leonardo Manzan informa que a restituição de indébito não deve ser encarada apenas como medida corretiva, mas também como estratégia de gestão financeira. A recuperação de valores pagos indevidamente pode representar reforço de caixa, permitindo investimentos em inovação, expansão e melhoria da competitividade. Empresas que atuam em setores de margens reduzidas encontram nesse mecanismo uma forma de aliviar pressões orçamentárias.
Outro ponto a ser considerado é o efeito preventivo. Ao identificar pagamentos irregulares, as empresas conseguem revisar procedimentos internos e evitar novos erros, fortalecendo o compliance tributário. Essa postura proativa reduz a exposição a litígios e promove maior previsibilidade nas finanças corporativas.
O papel da jurisprudência na consolidação do direito ao indébito
Conforme observa Leonardo Manzan, a jurisprudência exerce papel central na definição de quais tributos podem ser restituídos. Decisões do Supremo Tribunal Federal e do Superior Tribunal de Justiça frequentemente abrem precedentes que beneficiam contribuintes em todo o país. Contudo, a aplicação desses entendimentos exige cautela, já que em alguns casos os tribunais modulam os efeitos temporais das decisões, restringindo o alcance da restituição.
Nesse sentido, é fundamental que contribuintes e profissionais da área acompanhem de perto o cenário jurisprudencial. O monitoramento contínuo de julgamentos permite identificar oportunidades de restituição e adotar medidas no momento adequado, respeitando prazos e requisitos legais.
Segurança jurídica e eficiência financeira
Portanto, a restituição de indébito tributário representa um direito fundamental do contribuinte e uma oportunidade de recuperar recursos indevidamente recolhidos. Leonardo Manzan nota que, além de corrigir falhas, o instituto reforça a importância da legalidade e da justiça fiscal. Empresas e pessoas físicas que adotam práticas preventivas, organizam sua documentação e acompanham de perto a jurisprudência, aumentam significativamente suas chances de êxito.
Autor: Clux Balder