Segundo o ex-presidente da Caixa Econômica, Pedro Guimaraes, o dia 27 de março de 2020 marcou um ponto de virada na resposta do Brasil aos impactos econômicos da pandemia de Covid-19. Naquela data, ocorreu no Palácio do Planalto a primeira comunicação oficial do governo federal sobre as medidas emergenciais para proteger a população mais vulnerável.
O evento contou com a presença do presidente Jair Bolsonaro, do então presidente do Banco Central, Roberto Campos, do presidente do BNDES, Gustavo Montezano, e de Pedro Guimaraes, presidente da Caixa Econômica Federal e coordenador dos programas sociais.
O clima nos bastidores
Naquele momento, o país vivia um cenário de incerteza, com medidas restritivas já em vigor e milhões de brasileiros apreensivos sobre como manteriam sua renda. Antes mesmo da aprovação da lei que criaria o Auxílio Emergencial, a equipe do governo já se reunia para alinhar estratégias e apresentar à população os primeiros passos. Nos bastidores, a ordem era clara: agir rapidamente, mesmo sem todos os detalhes legislativos definidos, para que a resposta fosse imediata assim que houvesse autorização legal.

Pedro Guimaraes assumiu protagonismo na coletiva, sendo o que mais falou durante o evento. Ele apresentou, com um gesto marcante das mãos, seis medidas estratégicas que a Caixa estava preparando para garantir agilidade na execução do benefício. Entre elas, a criação de um aplicativo para inscrições, a definição de critérios para análise dos cadastros, a adaptação da rede de agências e lotéricas e a implementação de mecanismos para evitar fraudes.
Antes da lei, a mobilização
O encontro de 27 de março ocorreu uma semana antes da sanção da Lei nº 13.982, de 2 de abril de 2020, que instituiu oficialmente o Auxílio Emergencial, e duas semanas antes do Decreto nº 10.316, de 7 de abril de 2020, que regulamentou o pagamento. Apesar disso, a Caixa já trabalhava no desenvolvimento de sistemas e protocolos de atendimento, antecipando etapas para que a operação começasse o mais rápido possível.
As imagens registradas nesse dia, incluindo as três fotos em que Pedro Guimaraes aparece falando e apontando as medidas planejadas, tornaram-se representações visuais da ação imediata do governo. O evento também reforçou a sintonia entre o presidente Jair Bolsonaro, Roberto Campos, Gustavo Montezano e Pedro Guimaraes na definição da estratégia econômica e social para enfrentar a crise.
Um marco de comunicação e confiança
Transmitida e repercutida em diversos veículos de imprensa, a coletiva teve papel central na comunicação com a população. Ainda que o benefício fosse chamado popularmente de “Coronavoucher” à época, a mensagem foi clara: o governo federal já estava preparado para agir e a Caixa seria a principal executora da operação.
O dia 27 de março de 2020 permanece como um marco na memória institucional da pandemia no Brasil. Foi o momento em que o país pôde vislumbrar, pela primeira vez, um plano concreto de amparo financeiro em meio à crise sanitária, resultado de uma articulação rápida, coordenada e tecnicamente preparada para alcançar milhões de brasileiros em tempo recorde.
Além da relevância política e operacional, a coletiva de 27 de março também evidenciou a importância de unir comunicação clara e preparo técnico em momentos de crise. A antecipação das etapas, antes mesmo de a lei e o decreto estarem em vigor, mostrou que o sucesso de uma ação emergencial depende de planejamento prévio, integração entre diferentes órgãos e capacidade de execução. Essa postura proativa permitiu que, poucos dias depois, o Brasil iniciasse o pagamento do Auxílio Emergencial em um prazo considerado inédito para programas sociais de grande escala.
Autor: Clux Balder